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Rio Apodi-Mossoró: Será que ainda agoniza ou já morreu?

O rio Apodi-Mossoró possui um curso, em todo o Estado do Rio Grande do Norte, de aproximadamente 300 km. Porém, sua antiga denominação era Pody (vocábulo indígena que foi alterado em 1706, pelo ouvidor Soares Reymão, para o nome Apodi). O mesmo nasce no lugar denominado “São Brás” ou “nas fraldas da Serra das Queimadas”, ou nas “abas” da Serra de Luiz Gomes, e banha os municípios de Pau dos Ferros, Portalegre, Martins, Apodi, Mossoró e Areia Branca, todos no Estado do Rio Grande do Norte.


Concernente à sua exploração, uma primeira versão denota que data de 24 de junho de 1499, realizada pelos navegadores Alonso Hojedo, Américo Vespúcio e João de la Coza. Já uma segunda versão contesta a primeira, versando que a chegada à ribeira do rio Apodi foi realizada pelos religiosos capuchinhos, os missionários Frei Fidelis e Frei Ângelo, em 1530, com a missão de evangelizar os índios Tapuias-Paiacus.


De acordo com alguns poucos relatos escritos acerca da história da ocupação e povoamento próximo às margens desse rio, detecta-se que no século XVII muitas fazendas se instalaram às margens do rio e a fixação se adensa com a construção da “Capelinha de Santa Luzia”, em 1772, ocorrendo, em 1852, um aumento da povoação, elevando-se a município esta localidade.


Outrora, a vivacidade deste rio gestou a base de um “empório comercial” de Mossoró, concedida pelo governo provincial à Companhia Pernambucana de Navegação Costeira, em 1857, com a finalidade de incluir Mossoró na sua rota regular. Diante das disparidades das vias de comunicação sertão adentro, Mossoró assumiu o maior porto comercial do Rio Grande do Norte, conseguindo superar Aracati, no Estado do Ceará, por motivo do assoreamento do porto fluvial nesta cidade, no baixo curso do rio Jaguaribe. Com isso, produtos como o algodão, peles e outros provocaram um intercâmbio comercial, já que as embarcações adentravam pelo estuário do rio até Porto Franco para efetuar a carga e descarga, constituindo referência e ampliando tal surto comercial.


Na perspectiva de orientação à fixação demográfica, no século XVIII, nos locais conhecidos como Morro Branco e Porto do Mar, faziam-se grandes charqueados, isto é, oficinas de carnes com destino à exportação.


Portanto, o rio contribuiu para o crescimento da cidade, sendo também um fator de crescimento do comércio e do expansionismo de estabelecimentos comercias, concorrendo, historicamente, para a expansão demográfica. No entanto, os efeitos danosos dessa expansão se alargaram ao longo dos anos, pelo efeito antrópico da ocupação humana que, a curto prazo, utilizou os recursos in natura e não utilizou práticas planejadas e sustentáveis a longo prazo. Dessa forma, os recursos hídricos, fontes essenciais à vida e ao desenvolvimento econômico na sociedade, requerem atenção que, por vezes, estão garantidas num sólido aparato legal, mas com um divisor de águas no que concerne à execução das mesmas.


O rio Apodi-Mossoró está condicionado ao seu próprio destino, pois os graves danos ao meio ambiente provocados por constantes desmatamentos, a incidência de agrotóxicos, resíduos tóxicos, lixo urbano e hospitalar, a exploração do petróleo, o garimpo, os curtumes, os objetos pontiagudos, as olarias, cerâmicas, o aterro, a poluição térmica e industrial, a salinidade da água, a adulteração da bacia urbana e outros impactos são resultados da ação antrópica e de reflexos negativos ambientalmente.


Por isso, além dos impactos ambientais ao longo da extensão do rio Apodi-Mossoró terem sido motivados pela ocupação e expansão urbana, os aspectos impactantes economicamente também ocupam um espaço considerável nesta realidade. Haja vista este manancial ter sido palco, outrora, de um rio saudável, com vigor e propulsor de um considerável desenvolvimento nesta região, hoje está relegado às adversidades adquiridas pelos impactos ambientais negativos, condicionante de uma exaustiva degradação ambiental, sendo a esta a “causa mortis” de um rio que não mais agoniza, acredita-se que já morreu.


Mapa retirado de nossa tese de doutorado mostra a localização do rio Apodi-Mossoró

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