O que a UFERSA precisa
A Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA, tem 48 anos de história e 10 anos de existência. Foi gestada no seio da antiga ESAM – Escola Superior de Agricultura de Mossoró e hoje escreve sua história na interface desses 10 anos, baseada em dois grandes momentos: a expansão e a consolidação.
O marco da idealização de toda a realidade é o sonho. A vontade de fazer, de ver acontecer e de lutar até tudo se realizar, deve ser o baluarte dos gladiadores que, à frente de uma batalha, buscam a direção certa. Isso marcou o primeiro momento da UFERSA, com o sonho de sair de “Escola” para se tornar Universidade. No entanto, nem só de sonhos se vive e as demandas que foram surgindo. Diante dessa realidade, moldaram um cenário diferenciado, onde não existe um curso mais importante, uma área mais importante, tendo em vista que estamos numa Universidade diversa e plural, ideologicamente falando, onde tudo e todos são relevantes.
A expansão ousada e perspicaz trouxe inúmeras oportunidades para os jovens do semiárido, e tem sido a esperança mais próxima do caminho de casa, para muitos desses, frente ao desejo de fazer um curso superior. Todavia, precisamos avançar na prospecção de um modelo de Universidade referência, valorizando o ensino, a pesquisa e a extensão e o seu planejamento estratégico por meio da governança pública e transparente, coesa com os interesses da sociedade e dos que fazem parte dessa Autarquia.
O momento da consolidação se faz ainda mais desafiador, pois o atual cenário que se configura economicamente no Brasil tem apontado para a busca de mecanismos, alternativas e meios práticos de fomento. Afinal, com um corpo docente de tantos pesquisadores capazes e competentes, o fazer da ciência tem sido comprometido. Será que não é o momento de rever a sua orientação para o crescimento? Ou será que estamos seguindo o caminho errado? Bom seria repensarmos a dimensão da autonomia universitária, entendermos o seu propósito e galgarmos pela governança participativa.
Os entraves não podem promover a dualidade do processo: crescer sem qualidade e valorizando uma área, diminuindo outras. Afinal, somos uma Universidade de conhecimentos, sendo assim, não há como se pensar de forma unilateral, é preciso compreender todas as partes, todas as áreas e orientar a projeção de crescimento tanto da Universidade, como de todas e todos que a compõem. As alunas e os alunos não precisam apenas graduarem-se e qualificarem-se, mas, sobretudo, anseiam o ingresso no mercado de trabalho, na profissão com qualidade e referência. Os servidores técnicos e professores desejam condições para o trabalho e as oportunidades de qualificação também, já que todas e todos crescem juntas e juntos. Ou melhor, fazendo o melhor, teremos o melhor.
A UFERSA dos novos tempos é aguardada não como a adolescente após seus 10 anos, mas é esperada na maturidade da engenharia de todos os seus processos, de suas ações, longe do amadorismo do cotidiano, inventado após cada situação. Afinal, precisamos crescer e promover o crescimento. É necessário investir no capital humano e social e trilhar pelas veredas da inovação na ciência, na busca por protótipos mecânicos e sociais na seara da ciência no semiárido.
Pensar é preciso, fazer é necessário, construir é fundamental, consolidar é essencial e ser referência no ranking das Universidades deve a nossa missão, esquecendo as diferenças, sendo a pluralidade o alimento de cada passo, além de caminhar pelo diverso, no respeito mútuo e gerador do que chamamos cidadania e formação profissional.
"Bom seria repensarmos a dimensão da autonomia universitária, entendermos o seu propósito e galgarmos pela governança participativa" (Foto: site da UFERSA)