Governança pública na UFERSA: por que não?
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA tem 48 anos de história e 10 anos de transformação. Gestada no seio da Escola Superior de Agricultura de Mossoró e nascida no dia 29 de julho de 2005, a UFERSA já conta com muitos diferenciais ao longo de sua história, dentre os quais podemos citar a sua geração por meio do crivo do REUNI (Programa de Expansão das Universidades) e a modalidade de gestão administrativa.
A expansão, delineada pelos investimentos estruturantes, pelo aumento do número de cursos ofertados e o aumento da contratação de professores e técnicos, trouxe sinalizações positivas e impactos relevantes para a região. No entanto, o quantitativo de investimento financeiro em reformas, construção de novos prédios e até mesmo o surgimento dos novos cursos poderia ter sido acompanhado de um planejamento estratégico mais atencioso, a médio e longo prazo. Os efeitos desse crescimento acentuado, porém pouco vocacionado, resultaram numa Universidade que tem, realmente, um bom quantitativo de ofertas de cursos e que também recebeu novos servidores docentes e técnicos, mas que não avançou na qualidade dos serviços ofertados.
Dito de outra forma, o ensino possui mais oportunidades para os jovens do semiárido, todavia, precisa de consolidação, qualidade e, apesar de toda infraestrutura existente, requer uma melhor organização espacial para os fluxos do processo. No campo da pesquisa, aumentaram-se também os cursos de pós-graduação. Em contrapartida, os docentes ingressantes têm dificuldade para adentrar nos programas existentes e, com isso, os novos cursos acabam fragilizados em relação ao número de docentes alocados no campo da graduação, além de haver falta de foco da própria Instituição para pensar seu rumo, institucionalizar uma política para a criação de pós-graduação e, mais, pensar mecanismos de facilitação para o pós-doutoramento de seus docentes.
Ainda no âmbito do tripé da função social da Universidade, é preciso aliar essa interface com a extensão e a realidade das cadeias produtivas da região. Tal processo não significa prestação de serviço e facilitação mercadológica, mas a criação de meios para oportunizar os espaços de vivências e a abertura de campos de estágio para os jovens estudantes. Os recursos, ora investidos na assistência estudantil, ainda são insuficientes para manter os jovens na Universidade. Daí termos um número relevante de evasão, desistência e o contraponto que vem à tona: há o aumento, ao longo dos anos, do número de cursos e oportunidades de entrada, enquanto a permanência e o efetivo matriculado - e sua taxa de sucesso - vem decrescendo.
O momento não é de apontar somente as fragilidades no campo da gestão pública, mas de prover soluções eficientes e eficazes. Ou seja, não é só o tripé que precisa de ajustes cruciais, mas o planejamento e a administração requerem uma regeneração dos processos e procedimentos. Atuação com visão de futuro para superar os ajustes orçamentários e com prioridades para não agir como os stakeholders no campo das surpresas, pois, afinal, a gestão tem que agir com transparência, objetivos firmados e pautados em planos de desenvolvimento que venham a sair do campo das ideias. A quantidade de pessoas versus sistema operacional pode gerar uma função crescente e linear para o desenvolvimento da Instituição, e é possível perceber que o alinhamento dos serviços depende dos papeis, das funções definidas e tratadas com afinco e controle.
O rumo amistoso que a Instituição campeou designa a UFERSA a pensar seus horizontes e pontuar suas ações com base na governança pública. Tal procedimento não é jargão de discurso vazio, mas parte integrante das ações de gestão que vislumbraram melhorias contínuas para as pessoas, para a sociedade e para os serviços, nas variadas organizações públicas.
Assim, a gestão da governabilidade, com base na governança pública, permeia princípios otimizadores, inovadores e capazes de projetar e consolidar uma UFERSA para o futuro com sustentabilidade econômica, ambiental, social e cultural.
"O momento não é de apontar somente as fragilidades no campo da gestão pública, mas de prover soluções eficientes e eficazes"