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O debate político nas universidades

As Instituições de Ensino Superior são espaços constituídos e fundamentados na formação acadêmica e cidadã. Outrora marcada pela repressão ideológica e excludente, na atualidade, avançamos muito. Mas precisamos fazer valer a função social para o social, o ensino, a pesquisa e a extensão direcionados para o desenvolvimento de tecnologias alinhadas com cenário local, regional, nacional e internacional, para se ter uma nação desenvolvida e em crescimento.


Os desafios foram sendo aprimorados à medida que a democratização dos processos passou a ser institucionalizada. O debate ideológico abriu o leque de orientações e a comunidade universitária construiu a sua imagem e levantou a bandeira de luta por uma Universidade plural, laica, gratuita, de qualidade, acessível e livre das coerções.


É válido considerar que, apesar de tantos avanços, os retrocessos ainda fazem parte da rotina universitária e aqui podemos elencar pelo menos dois pontos que refletem isso. Primeiro, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que distingue a responsabilidade educacional nos entes federativos e regride quando segrega a comunidade acadêmica, coibindo, em parte, a paridade nas decisões administrativas. Outro ponto interessante é o Plano Nacional de Educação, que também distribui responsabilidades educacionais, mas não cumpre metas e vem deixado de lado o debate nas Universidades.


Ainda sobre a questão da paridade, é plenamente discutível o campo legal e quem perde somos todos nós. Juntos, poderíamos pensar bem melhor. Afinal, o Estado é Democrático de Direito e o interesse em educar, esclarecer e formar cidadãos e cidadãs tem deixado a desejar no país, e isso está imbricado no cotidiano das Instituições. Quando se chama para o debate político, para as proposições e para uma visão de gestão democrática de futuro, logo aparece o cenário frustrante e delineador dos acordos, das vendas de votos, de cargos, papéis e funções. Infelizmente, isso é parte da herança colonizadora e ditadora que consolidou bases na nação.


O grito dos excluídos ainda ecoa no silêncio. A luta ainda é de poucos para o ganho de muitos. As responsabilizações se confundem com a camaradagem, com o amadorismo, ações pontuais longe de um planejamento com visão de futuro, e tem mais: quando se fala em aplicação, gerenciamento e gasto no serviço público encontramos os superfaturamentos, as omissões, gastos desnecessários sem sustentabilidade social e econômica.


Daí o cenário externo ser aporte para justificativa da má gestão. Todavia, não é que os cortes orçamentários não influenciem no andamento das coisas da Instituição. Sobretudo, as pessoas precisam aprender, ou melhor, apreender, que as Universidades trabalham com previsão orçamentária e não diretamente com as finanças, e isso influencia bastante no modus operandi do trabalho.


Embora se tenha o jargão da pluralidade e do não-preconceito, os jovens ingressantes no serviço público ainda sofrem pela resistência do embate político consolidado do passado. Geralmente, são grupos que vão se formando e blindando, metamorfoseando os processos e inibindo a ação dos demais. Na grande maioria das desculpas está a inexperiência, a falta de preparação para a gestão e - parece brincadeira, mas é verdade - tem que se saber o caminho das pedras até Brasília. O interessante é que dentro das universidades ainda existem professores que acham que seus colegas de trabalho são analfabetos funcionais. Sinceramente, é bastante complicado querer ridicularizar as pessoas e menosprezar sua capacidade. Enfim, coisas do Brasil colonial e ditador.


Juntos para avançar! Seria um bom tema para o debate político. Mas, antes de consolidar o lema, é preciso lutar contra o conservadorismo arraigado. A linha conservadora coíbe o debate, dizendo que é apenas conversa, discurso vazio e falsas ideologias. Sempre bom lembrar: o grito dos excluídos e a voz da democracia já tem seus efeitos e, hoje, somos nação livre para pensar, agir e votar.


"As responsabilizações se confundem com a camaradagem, com o amadorismo, longe de um planejamento com visão de futuro"

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