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O mito da eficiência na Universidade Pública

Pensar em fazer gestão nas Universidades é enfrentar o desafio de equacionar a governança pública e a implementação de seus processos com a necessidade de viabilizar politicamente e articular peculiaridades do processo de trabalho, que vão além do cumprimento de objetivos e metas, pautados numa proposta estratégica de planejamento, denominada Plano de Desenvolvimento Institucional.


O mote em relação ao mito está na compreensão de que a governança pressupõe a organização metodológica da gestão com a finalidade de evitar o caos institucional pelo viés da administração. Todavia, quando o assunto é o cotidiano, as pessoas, a realidade local, o cenário regional e o país interagindo num sistema aberto, se pudéssemos comparar aos stakeholders, a premissa é falha, e o que se denomina de “eficiência” de uma gestão termina sendo seu calcanhar de Aquiles. A educação é transversalizada, por um contexto que vai além da esfera administrativa e envolve ideais, perspectivas e cenários.


A visão de eficiência na gestão pública das Universidades tem sido tema de discussões pelo fato de que os atores que lá estão, em alguns casos, considerarem essa premissa mecanicista, gerencialista e fora do contexto universitário. Temos que concordar que, realmente, a gestão universitária se faz mesmo é na luta da realidade em que cada Instituição se encontra. Para que essa eficiência aconteça além da questão administrativa, ela precisa se eximir do partidarismo político e se articular com uma bancada em nível de Estado. Necessita-se de uma compreensão do desenvolvimento regional que, sobretudo, está alicerçada nos pilares de uma Universidade pública, gratuita, inclusiva, de qualidade e de referência em nível tecnológico em qualquer área do conhecimento.


Fazer a gestão universitária não é simplesmente estar à frente de um processo de trabalho. Ela precisa ser dinâmica, sincera, sem promessas vazias, transparente em todas as suas ações e procedimentos e primar democraticamente por um Estado de direitos. A gestão precisa conhecer o espaço de sua intervenção e estar na labuta de campo diariamente, priorizando o essencial e buscando melhorias continuamente para todos os atores envolvidos na Instituição.


Acredito ser primordial destacar que uma Instituição pública é um espaço de gestão diferenciado de uma empresa, haja vista que todo o trabalho produzido vai gerar conhecimentos que transformam pessoas e, consequentemente, suas ações e o seu modo de vida. Assim, zelar pelos procedimentos contribui com uma eficiência que vai além de fornecer um produto, um serviço, mas também para garantir direitos, acesso e atendimento com qualidade, transparência, impessoalidade, razoabilidade e clareza.


Por isso, a gestão universitária precisa de pessoas atuantes, criativas, inovadoras, comprometidas e dinâmicas para sair dos gabinetes e ir à luta. Não é simplesmente cumprir metas e objetivos, pontuados nas diretrizes das políticas nacionais. É ir em busca do que se falta, do que se pode melhorar, do que se pode construir, agregar, alinhar e incluir no desenvolvimento social, tecnológico e educacional, como alicerces de um lugar, de uma cidade, de um estado ou, melhor, de um país.


"Todo o trabalho produzido vai gerar conhecimentos que transformam pessoas e, consequentemente, suas ações" (Foto: www.obomdemossoro.com.br)

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