A culpa é mesmo da falta de recursos na UFERSA?
Nas Universidades, atualmente, o cenário de cortes e ajustes orçamentários tem sido palco de inúmeras discussões, desafios e aportes para justificar a falta de habilidade de gestão no momento de articular fontes de fomento, parcerias e fortalecimento de convênios, que podem trazer um nível de estabilidade orçamentária para as IFES.
A gestão universitária é, sobretudo, uma gestão política. Ela depende da articulação e do empenho no desenvolvimento de propostas de captação de recursos. Tais projetos necessitam estar alinhados com o desenvolvimento regional, com o fortalecimento da pesquisa, com a realidade e, de certa forma, com a sustentabilidade social, ambiental e orçamentária.
O fortalecimento dos convênios requer uma busca com a cadeia produtiva da região, para o engajamento e a oportunização não só de estágios para os futuros profissionais oriundos das Universidades, mas depende também das contrapartidas, da prestação de serviços e, ainda mais, da análise custo e benefício entre a sociedade, o setor produtivo e a Universidade.
Em tempos de ajustes, se não houver uma proposição centrada no crescimento e desenvolvimento por parte de uma bancada política (por meio das emendas de bancadas) a Universidade fica em depreciação de fontes de investimento e também acaba prejudicando o andamento da formação profissional para o mundo e o mercado de trabalho. Há que se explicar que não é uma visão gerencialista que faz ensino, pesquisa e extensão, mas o gerenciamento dos processos, das ideias e das atitudes propositivas.
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA tem sido alvo dos cortes assim como outras Universidades. Ela conta com um número significativo de mais de dez mil alunos, atualmente, e com mais de 1200 servidores entre técnicos e docentes, o que representa para a economia da região uma injeção propositiva nos investimentos e nos serviços. O que temos que levar em consideração nessa realidade é o sobressalto de várias Universidades brasileiras, quando não pararam suas obras, quando continuaram seus projetos e ações e possuem planejamentos consolidados para fazer acontecer a vida universitária.
A UFERSA, nos últimos 4 anos, tem tido seus destaques pelo esforço dos docentes, em suas pesquisas e ações de extensão, e dos alunos, que não têm hesitado em participar do ENADE. Já o campo dos investimentos tem declinado e permanece sem perspectiva para 2016, com um orçamento reduzido, e precisa galgar espaços que não trilhou nos últimos tempos para se sobressair de uma crise de gestão.
Com muito potencial para contribuir com o desenvolvimento regional, o que a UFERSA precisa é de governança, atitude na gestão para sair em busca de novos rumos e garantir a qualidade de seus profissionais para, sobretudo, valorizar o esforço que muitos pesquisadores já realizam. Apesar de toda a precariedade e falta de planejamento para continuar crescendo, ainda temos resultados plausíveis. No entanto, precisamos de mais. Precisamos da internacionalização, da visibilidade nacional, de oportunizar para a região a melhor referência em educação para o semiárido nordestino.
"A gestão universitária depende do desenvolvimento de propostas de captação de recursos"