Páginas da vida: um sonho nosso que foi realizado
A construção de um sonho começa com um ideal. Ainda era estudante de graduação quando comecei a observar as cidades de maneira diferente. Na verdade, sempre tive essa curiosidade, pois ao chegar em um lugar buscava sempre saber um pouco da sua história e o que mais a representava, ou melhor, identificava a localidade. Com isso, tive a oportunidade de viver em dois Estados diferentes (Piauí e Rio Grande do Norte) e essa convivência ainda na infância me fez perceber que as cidades não são iguais.
Durante minha vida estudantil sempre gostei de falar sobre cidades, de entender um pouco da paisagem dos lugares e de ver que, por serem diferentes, as pessoas que residem nesses lugares também são diferentes, e apesar de, naquele momento, não compreender aquilo à luz das inúmeras teorias dos lugares, essa questão me inquietava. É interessante como o caminho durante a trajetória de vida nos influencia, pois essa apreensão da realidade nos faz compreender a dinâmica das pessoas, nos faz saber que existe algo que impulsiona e movimenta mesmo não entendendo nada de economia, sociedade, cultura ou política.
Na verdade, hoje entendo que todo esse tempo foi necessário para alinhar meu foco de estudo e o desejo de estudar a cidade de Mossoró, já que após esse período de luta ele foi ficando, além de mais forte, com uma perspectiva centrada e madura quando o assunto são questões urbanas e, daí, nos dar a oportunidade de ingressar em 1º lugar na UFRN, em 2008, no doutorado em Arquitetura e Urbanismo.
A cidade de Mossoró é meu lugar. Aqui vivi grande parte da minha vida e consegui acompanhar muitas transformações, principalmente porque conheço a periferia da cidade, morei por muito tempo e, naquela época, não sabia explicar o porquê de sentir tanto desejo de viver em áreas mais próximas ao centro da cidade.
Com um olhar imaturo e ainda na minha infância já via em Mossoró diferenças nos lugares, nas atividades desenvolvidas por algumas localidades, assim como sentia um diferencial que fazia de Mossoró uma cidade que não era igual às demais que eu conhecia.
A identificação com o lugar e o sentimento de pertencimento me levaram a estudar Mossoró, a compreender sua história de transformação rumo a processos de gentrificação, até aqui ainda pouco entendidos. A cidade tem particularidades no palco de sua história que a projetaram para grandes mudanças e transformações nas suas áreas tidas como centrais.
Foi observando essas mudanças que considero uma verdadeira metamorfose, que comecei a construção dessa nova fase da minha vida, isto é, a convivência e a experiência tornaram-se fundamentais para a pesquisadora, quando a proposta é o aprofundamento de algumas questões. Haviam motivações que vão além do porquê de alguns processos, e tais podem ser ditos no campo da contribuição não só técnica-operacional, mas sobretudo do desejo de ver Mossoró como uma cidade que se projeta para ser uma referência ainda maior num futuro que se aproxima.
A metamorfose dos espaços construídos nas áreas centrais foi o nosso desafio, pois todo processo tem um sentido e, nesse caso, o que o motivou? Assim, é a construção conceitual para a análise teórica e empírica o nosso interesse em estudar Mossoró. Seus entraves urbanos nas áreas centrais permitem refletir o passado, o presente, a compreensão das atuais transformações no espaço urbano e as principais conquistas, as quais busquei entender, já que “de repente tudo mudou de lugar”… E em 05 de dezembro de 2011 concluímos essa fase da vida acadêmica, graças a Deus!