O relativismo da prisão e da ágora
Numa das minhas recentes visitas a uma unidade prisional, para um trabalho que realizo há algum tempo, fiz algumas meditações, enquanto observava os que por trás das grades estavam. Dentre elas, o que aprisiona o ser humano e quais as correntes que precisam ser quebradas.
Dependendo, da forma que se vive, a prisão pode exatamente ser aquela que estava na minha frente, por meio de erros, falhas, fragilidades, descuidos, momentos de loucura, recorrer ao erro, enfim atitudes inimagináveis e marginalizadas que tornam seres humanos distantes, necessitados de reinserção social e em alguns casos desacreditados que dias melhores podem chegar.
Todavia, pensei sobre os aprisionados pelas doenças, pelas dores, pelas lástimas de querer andar, falar, ouvir, agir e fazer o que desejam. De certa forma, essas pessoas estão livres, não estão por trás das grades, mas estão inertes, inaptas para seguir seus sonhos.
Vi também, os que estão presos pelas dívidas, pelo desespero da falta de solução em seus problemas familiares, e das situações adversas que a vida trouxe consigo como: a distância da realização e da vida em condições adequadas, com o melhor , com a paz, com o usufruto e com a liberdade de viver.
Contudo, pensei que a ágora depende muito mais de nós. Pois será que estamos abertos em espaços livres em nossos pensamentos para enfrentarmos as situações com a naturalidade, a força necessária para suportar e esperar o momento certo, de abrir os braços, respirar e pensar e perceber que tudo terminou independente da situação?
Nem sempre, é tão simples pensar na ágora e está na prisão é bem mais fácil. Já que, os nossos pensamentos e ações também são responsáveis pelo nosso tipo de prisão. E a busca pela liberdade, torna-se o maior objetivo, o alvo, o propósito. Mas, e depois? Se a liberdade chegar, e você não alinha suas atitudes, pensamentos e ações, pode voltar para o mesmo ciclo sem perspectiva nenhuma.
A observação da vida no cárcere, me fez entender que precisamos equilibrar nossa forma de viver hoje e amanhã. E que o único cárcere não está atrás das grades. É preciso, olhar para o alto contemplar a grandeza do universo e acreditar, que nenhum dia é igual ao outro, assim como nenhuma pessoa é igual a outra e sobretudo que há esperança e sempre tudo pode ser diferente, depende de nós.