Culpado ou vitima? Culpado e vítima.
No dia 09 de junho de 2017, tive a oportunidade de participar do Conselho de Sentença no Fórum Silveira Martins. O momento foi singular, daqueles que Deus concede para guardamos da memória, nas atitudes e no coração. Afinal, o Senhor José Leite de Santana, bem mais conhecido por Jaracaca construiu a sua trajetória com lágrimas, sangue e suor, deixou fincados nos anais da história o gemido, a dor , o clamor , o pavor, o medo, assim como a misericórdia e o perdão.
É na dicotomia das emoções e nas agruras da vida que sua lida é constituída. Seria mesmo a insubmissão a uma conjuntura ou mesmo os artefatos moldados pelo tempo de convivência e até as incongruências mais próximas advindas de amigos, famílias e comunidade que gestaram esse ser humano inconformado, destemido e saturado na atmosfera das torturas, tornando - o nesse ínterim, um humano sui generis ,na categoria do fazer o mal?
O auge da culpa, se vê em si mesmo. Pelo que pude perceber, não havia em cada modus operandi desse individuo, uma perspectiva de transferência de culpas, ou mesmo de justificativa de ações. Todavia, a maneira arregimentada de se comportar e se apresentar, mostravam a determinação, a ávida coragem de , por vezes , desacatar pessoas de bem em suas casas, verdadeiros nichos de paz foram desabrigados e dado, nesse contexto ,lugar ao abandono e as trevas obscuras do desengano e da solidão, era a assolação o esteio de vida diária.
Por outro lado, o ser humano sem encantos e sem cantos, perde a sua visão. As expectativas são subjugadas ao fracasso fortuito, na hora de buscar o crescimento, principalmente de uma parcela segregada da sociedade. Haveria nesse limbo, o espaço para avaliar o ser humano vale ressaltar, humano e frágil, cadente de amor, de atenção, de família de uma convivência agregada por bons momentos e valores , inclusive na hora de trabalhar.
Quando o desalento passa a coordenar a vida e a liberdade escolhe ser a referência no modo de viver, isso pode trazer à tona a metamorfose comportamental e mental, trazendo consigo o fardo da constante autoafirmação e da necessidade de se mostrar vivo e capaz, de tudo, para todos. É o reconhecimento que importa, são as conquistas e os dribles, bons ou maus.
Para o ser humano , resta compreender o outro ser humano. Afinal, as lutas diárias e individuais de cada um, são semelhantes às prisões : cada ser tem a sua. A ágora , ao contrário da prisão, passa a ser a ficção em alguns casos e para outros a esperança a ser velozmente adquirida. Fica no imaginário a culpa e a vítima. Já que, ambos são processos complementares. Ademais, quando o assunto é absolvição , tendo em vista que o julgamento espiritual de cada ser, possuir um Juiz justo e misericordioso, que precisa de uma única medida socioeducativa : o arrependimento.
Aprouve a Deus, o perdão dos ímpios qualificados no mundo do crime , da miséria e da banalização da vida. Data venia, cada ser, pode por melhor que seja um dia sentar no banco dos réus. Afinal, nem sempre tudo que se realiza está certo. Possuímos falhas e fragilidades que ferem a alma como uma navalha afiada que atravessa o coração. Apesar da voz, ser arma branda em relação a arma branca, a mesma, tem a capacidade de desferir golpes que podem torturar até a morte também.
Assim, o Senhor José Leite de Santana, tenho essa impressão: é culpado por não saber discernir o bem e o mal e é vítima , por ser tão bom quantos os maus.