Um pouco mais que duas de voo, mas o diálogo só começou nos últimos trinta minutos.
Após, a gentil oferta de um chocolate , por parte da enfermeira russa, que ao meu lado viajava me fez perceber e ter a oportunidade de saber algumas coisas acerca dessa nação. A Rússia é grande e ostenta por natureza, uma arquitetura bem nítida e poderosa, em seus efeitos visuais. As ruas são largas e bem definidas, prontas para vencer uma guerra. Tudo, especialmente controlado e cuidado, afinal, o país que possui um dos exércitos mais poderosos da terra não podia ser diferente.
Mas, isso todo mundo sabe! Na verdade, as impressões traduzidas em breves palavras, mostraram que nem tudo a globalização conseguiu, ou seja, no arcabouço cultural que ela introduziu com feitos e insurgências, provocou tensões e decepcionou a muito russos. Por sua vez, chegam a acreditar que antes dela, bem mais cultura eles tinham.
“As Universidades eram melhores e formavam com mais cultura”, palavras da recente amiga. Interessante, foi à contradição da proposição da própria globalização. O que pelo visto, trouxe consigo o fracasso do nacionalismo e da identidade com a imersão das novas ideias.
E sobre a tão sonhada democracia, no meio da conversa, uma surpresa em sua resposta: “uma fachada, antes tínhamos segurança, não precisava se preocupar com o amanhã, todas as pessoas viviam bem. No socialismo, não tínhamos dificuldade, havia uma garantia alimentar, hoje temos que se preocupar com tudo, o amanhã tem que ser frente de luta constante”.
Se a globalização trouxe a oportunidade para abrir portas para novas culturas, o que inquietava aquela Senhora, que insistia em dizer que antes de tudo isso , eles eram bem mais culturais. Ou melhor, o que é ser cultural...
Pelo que puder entender , quanto mais se afasta de si mesmo, mais se perde. Você quer ser tudo e acaba não sendo nada. Não conhece se quer a sua origem e os seus costumes. Pois, se perde tempo aprendendo a vida distante e indiferente do seu lugar.
Isso, influencia, inclusive na felicidade e termina incentivando o egoísmo, a ganância, a inveja, e a insensatez. Já que , deixa de ser si mesma para almejar ser outro. Nem sempre , esses enlaces contemporâneos trazem as mudanças necessárias.
Por sua vez, o que nos resta após um breve diálogo é pensar mesmo que a face perversa do capitalismo destituiu identidades e criou ilhas da fantasia da falsa felicidade. Metamorfose ambulante que anda de lugar em lugar, semeando a fábula do mundo encantado da tecnologia, inovação e pseudo inclusão.