No dia que regressei ao passado

Manhã bonita e de muito sol em terras natalenses, era o cenário que tínhamos após o deslocamento de pelo menos quatro horas de carro. Confesso , que estava feliz e ansiosa, afinal galgar um espaço e a inserção permanente na sociedade hodierna nos faz pessoas melhores.

Chegando ao local da solenidade prevista , caminhamos um pouco e logo já estávamos em frente ao belo casarão, com estrutura que vislumbra por si muita história e ao me deparar com a escadaria , eu voltei ao passado, lembrei da minha infância

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Rui Barbosa, traduz em seu célebre discurso “ oração aos moços” , nossos sentimentos quando diz: “Para o coração, pois, não há passado, nem futuro, nem ausência. Ausência , pretérito e porvir, tudo lhe é atualidade, tudo presença.”

Cada degrau que compõe a escadaria da entrada, me fez sentir uma fase da minha vida, tempos que eu já sentava para admirar a arquitetura do casarão dos meus avós. Eu nem sabia o porquê, todavia era tão fascinada pelo espaços barrocos e pelas pinturas nas paredes. Marcas de um tempo, sem muitos avanços , mais com muita criatividade e sentimentos imbricados em cada lugar.

As cenas foram chegando em minha mente, e ao adentrar naquele casarão eu vivi todos os meus anos em poucas horas e senti, o quanto vale a memória, a importância da história, dos acervos, do cheiro de ontem para viver o hoje.

De lá para cá, tantas coisas mudaram, tantos e quantos foram os enfrentamentos, que aqui afirmo uma lição: ”devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo” de acordo com Martin Luther King, para contar o presente, vivendo um passado vencedor das agruras da vida.

Adentrar no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte representou um degrau ascendido, e me fez aprender a olhar para trás e entender o significado da velha escadaria, outrora admirada, e com tanta semelhança , daquela que subia e descia imaginando um mundo tão sonhador, na minha infância.

Cada degrau uma fase, cada passo uma conquista em espaços que só me fizeram crescer, sonhando com dias melhores, vendo o invisível crendo muitas vezes no impossível.

Me rendo aos degraus da vida e na subida de cada um, olho para os céus e vejo: o amanhã cheio de gratidão, mesmo com as incertezas , a fé me dar a leveza para acreditar que sempre existe um além melhor.